Hoje era o teu aniversário. Já farias 83 aninhos :) Não posso esconder a saudade que tenho das vezes que te chamava Vó Cró e que te cantava ao«Chupa Teresa» xD O quanto nos riamos, nos 14 anos que vivemos juntas.
Juntas e bem juntas. Não me vou esquecer da quantidade de noites que dormi contigo e da quantidade de biberões de leite com Nestum. Foste minha mãe e minha irmã mais velha. Já tentei contar, mas perco a conta às vezes que curei as minhas mágoas de criança abraçada à tua barriguita *.*
Eras forte de nome, de físico e de mente. Transmitiste-me algo muito saudável e que me fez crescer imenso, e quanto a isto não tenho palavras para te agradecer. Tenho algo dentro de mim que ainda hoje me diz que não devias ter tido aquele final de vida. Para além de não o mereceres, não foi justo e não excluo alguma incúria por parte de alguns profissionais de saúde.
Nunca foste 100% saudável é certo, mas a tua frequência em consultas e exames não faria prever um resultado destes. Hoje estudo, e sei que há coisas que não aparecem de uma semana para a outra. As tuas manchas negras sem teres caído, a tua dor inexplicável na boca, as tuas ilusões, eram mais que sinais. Ver-te ali, no chão, naquela manhã de Fevereiro, quando tu devias estar na tua cama quentinha a sonhar com coisas boas, foi devastador. Mais devastador foi saber o diagnóstico deste acontecimento, de partir o coração. Ainda estive contigo mais 2 meses, em que tu não sabias de nada daquilo que se estava a passar. Tentei que tudo estivesse bem, o mais confortável e rezava para que nunca me perguntasses qual a doença que realmente de estava a deixar naquele estado. Sofri contigo, mas lutei contigo. Fui a última pessoa da família com quem tu falaste, fui a despedida para um mundo melhor. Parece que ainda te ouço a rir e a dizeres-me «xau», sempre com aquele sorriso de orelha a orelha. Também hoje sei que quando as pessoas estão com alguma doença grave e estão super bem-dispostas, pode não ser bom sinal para o dia seguinte. Aquelas palavras estão gravadas a ferro quente no meu coração. Ao outro dia já não consegui ver a tua cara sequer. Estavas envolta em fios, tubos e ecrãs de todas as formas e feitios. De mão dada ao meu irmão, começamo-nos a aperceber do que se estava a passar e os olhos encheram-se de fios de lágrimas. Não te consegui dizer o quanto de amo o quanto sinto a tua falta avó.
Fica ainda muito por dizer, pois aquilo que vivemos foi demais para se conseguir escrever tudo, mas neste momento tenho pena. Pena por não estares aqui a ver pelo que estou a passar, para me dares os teus conselhos de amiga. Pena por não me veres trajada e por não te poder pedir para me rasgares a capa. Pena por não me veres formada um dia e a trabalhar como uma verdadeira técnica a salvar vidas. Pena por não me veres casar, e o que tu falavas do meu casamento :'( Pena pela minha vida não poder mais ser partilhada com uma das melhores pessoas que conheci.
De qualquer maneira avozinha, parabéns. E sê feliz! Tu mereces!
Maria Teresa Forte Sequeira Vilela
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